quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Necessidade de convocação dos 736 excedentes é reforçada em audiência na Câmara dos Deputados

O requerimento para realização da Audiência Pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara foi apresentado pelo deputado Amauri Teixeira
A presidenta do Sindireceita, Sílvia de Alencar, participou, ontem, dia 12, em Brasília/DF, da Audiência Pública realizada pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, convocada para debater a implantação do programa Porto 24 horas. Sílvia de Alencar defendeu a criação da Aduana 24 horas como uma ação modernizadora do Estado brasileiro que visa, por meio da ampliação da presença da Receita Federal e dos demais órgãos intervenientes nos portos do País, contribuir para a redução do tempo médio do desembaraço de importações e exportações bem como tornar mais efetiva as ações de controle, vigilância e repressão aduaneira. Em sua apresentação, a presidenta do Sindireceita destacou o papel desempenhado pelo Congresso Nacional que aprovou a MP 595, transformada na Lei nº 12.815/2013, e fez com que os Portos passassem a funcionar 24 horas.
Ao fazer uma análise do setor, Sílvia de Alencar ressaltou o esforço que tem sido feito pelo Governo Federal que prevê investimentos de mais de R$ 54 bilhões na ampliação e modernização de portos. A presidenta do Sindireceita criticou duramente o argumento de que não há demanda no País que justifique a Aduana 24 horas. “O que vemos é um esforço monumental do Estado brasileiro que está investindo bilhões e para que? Para que esses mesmos portos fiquem fechados nos finais de semana e feriados? Isso me parece um contrassenso, é andar na contramão da história”, criticou. Em sua apresentação, a presidenta do Sindireceita reforçou, com dados do próprio governo e com estimativas de crescimento do setor, as críticas a tese de que a Aduana não precisa operar de forma ininterrupta no País. De acordo com a previsão da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) a movimentação nos terminais brasileiros deverá crescer 5,7% ao ano nas próximas duas décadas. Ainda segundo a SEP, até 2030 a movimentação nos portos nacionais será duas vezes e meia superior a registrada atualmente. “Diante dessas previsões otimistas é inadmissível pensar em fechar portos aos finais de semana. Temos terminais que paralisam as atividades no horário do almoço. Isso é impensável. As cargas não escolhem hora para chegar. Temos que nos preparar para atender ao crescimento desta demanda. Nossa Aduana terá que ter uma atuação duas vezes e meia superior a atual. Se fecharmos nos fins de semana não conseguiremos dar fluidez as cargas. Portanto, como não há demanda se o cenário é extremamente otimista para movimentação de cargas nos portos nacionais nos próximos anos”, argumentou. Sílvia de Alencar alertou que é preciso agir agora para que a Aduana não se transforme em um problema ainda maior para o setor. “Não podemos nos tornar um entrave ao crescimento e ao desenvolvimento do País, temos que nos antecipar e apresentar soluções para todas as questões que estão postas”, disse. 

O requerimento para realização da Audiência Pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara foi apresentado pelo deputado Amauri Teixeira
Ainda analisando as perspectivas do setor portuário nacional, a presidenta do Sindereceita ressaltou que com a nova Lei dos Portos, o governo brasileiro deverá licitar 159 áreas para terminais portuários, sendo 42 para novos arrendamentos. “Esse crescimento é fruto do estímulo criado por esta casa que aprovou a Lei dos Portos. Então eu pergunto, porque o Congresso Nacional aprovou uma lei que tem por objetivo modernizar esse setor e para que investir em infraestrutura se segmentos do próprio governo atuam em sentido contrário? Precisamos avaliar essas questões”, disse.
 Aduana 24 horas 
A presidenta do Sindireceita aproveitou a oportunidade para fazer um relato sobre o trabalho do Sindicato que resultou na campanha “Aduana 24 horas. O Brasil não pode parar”. Quando a MP 595 foi editada o Sindireceita já havia iniciado uma série de visitas aos portos como parte integrante do projeto “Fronteiras Abertas”. Um projeto, segundo Sílvia de Alencar, que nasceu justamente da percepção da necessidade de se ter uma Aduana mais moderna e eficiente, assim como ocorre nos países desenvolvidos. “O Sindireceita lançou a campanha Aduana em 24 horas que acabou incorporada por essa Casa, que pensava da mesma forma. Todos tínhamos a convicção de que para o País crescer as empresas nacionais precisam ser competitivas. A campanha Aduana 24 Horas estava em sintonia com o Congresso Nacional, com o Governo e com diversos setores da sociedade”, lembrou. A presidenta do Sindireceita destacou que enquanto se discute no Brasil o horário de funcionamento dos terminais e dos órgãos anuentes, os portos nos países desenvolvidos operam sem interrupção. “Se queremos ser um País desenvolvido precisamos nos equiparar a essas nações. Todos os grandes portos do mundo operam sem interrupção, aqui devemos fazer o mesmo. Na medida que forem surgindo as deficiências para operação 24 horas temos que atuar para resolver essas questões, o que não podemos é diante de problemas interromper o funcionamento dos portos”, afirmou. Ela também lembrou que ao não manter a Aduana funcionando 24 horas por dia, o Brasil descumpria acordos firmados no âmbito do Mercosul e que graças a atuação do Congresso Nacional foi possível adequar o País a essa realidade. 
A presidenta do Sindireceita criticou duramente o argumento de que não há demanda no País que justifique a Aduana 24 horas
A presidenta do Sindireceita criticou duramente o argumento de que não há demanda no País que justifique a Aduana 24 horas
Ainda de acordo com Sílvia de Alencar, é preciso tempo para que se mude a cultura dos usuários dos portos. “Até pouco tempo, os portos do Brasil não funcionavam plenamente, então a demanda não foi criada. Para mudar essa realidade e para que se crie demanda basta que os portos passem a funcionar plenamente e que ofereçam os serviços”, disse. Sílvia de Alencar aproveitou também para reforçar a necessidade da presença constate da Receita Federal e dos Analistas-Tributários nos terminais portuários. “É preciso ressaltar que o trabalho de fiscalização não pode ser interrompido. Enquanto os órgãos anuentes dormem os criminosos agem. Não podemos esperar pela demanda para que tenhamos uma fiscalização eficiente nos portos, aeroportos e em nossas fronteiras. Essa argumentação de falta de demanda é totalmente inaceitável”, criticou. 
A presidenta do Sindireceita aproveitou a oportunidade para criticar a postura de administradores da Receita Federal que como forma de impedir a atuação plena da Aduana 24 horas passaram a adotar em suas unidades plantões 12/36, um sistema que penaliza o servidor. “Esse regime de plantão 12/36 além de comprometer a vida pessoal do servidor, é uma forma disfarçada de tentar colocar o servidor contra a Aduana 24 horas. Isso é uma maneira de boicotar este projeto que se transformou em uma política de governo”, criticou. A argumentação usada pela RFB é que o servidor após 19 horas de trabalho entra em estado de torpor, tornando-se incapaz de executar suas atividades. “Então como é possível que o Policial Federal, o Policial Rodoviário Federal e tantos outros servidores executem suas atividades nos plantões? Como é que os médicos trabalham no mesmo esquema? Todos estão errados e apenas a Receita Federal está correta?” A presidenta do Sindireceita lembrou ainda que os Analistas-Tributários representam a maioria da força de trabalho da RFB nos portos, assim como são os responsáveis pelo maior número de horas trabalhadas nessas unidades. Apresentando dados da própria instituição, Sílvia de Alencar demonstrou os ganhos para o País com a Aduana 24 horas. “No porto de Suape/PE, por exemplo, houve melhora no tempo de despacho, aumento nos autos de infração e redução no tempo de exportação e importação. Houve ganho em praticamente todos os indicadores”, disse. 
Em entrevista para a TV Câmara, Sílvia de Alencar Silvia Alencar, defendeu a aduana 24 horas. “Se não há demanda ainda para utilização dos portos da sua plenitude é porque a demanda é muito em função da cultura. Nós criaremos a demanda. Basta colocar os portos funcionando que teremos demanda”
Em entrevista para a TV Câmara, Sílvia de Alencar defendeu a aduana 24 horas. “Se não há demanda ainda para utilização dos portos em sua plenitude é muito em função da cultura. Nós criaremos a demanda. Basta colocar os portos funcionando que teremos demanda”
Convocação 
A presidenta do Sindireceita também ressaltou que a concretização da Aduana 24 horas exige a ampliação da presença de servidores da RFB nos terminais. Ela reforçou a necessidade de convocação imediata dos 750 Analistas-Tributários que foram aprovados no último concursos e que aguardam na lista de excedentes. Conforme dados do próprio órgão, a necessidade é de mais 547 Analistas-Tributários nos portos. Portanto, a convocação dos 750 atenderia a essa necessidade e possibilitaria que os 203 restante fossem destacados para atuar nas fronteiras secas. “Temos como suprir a necessidade de Analistas-Tributários na Aduana e quanto a demanda nos portos é uma questão de cultura e de estímulo. O Porto de Suape é um bom exemplo”, acrescentou. 
O diretor de Assuntos Aduaneiros do Sindireceita, Moisés Hoyos, participou do debate realizado no final da Audiência Pública e aproveitou para esclarecer a diferença entre plantão aduaneiro e aduana 24 horas. “No plantão são oferecidos alguns serviços. Normalmente, nesses horários ocorrem ações de fiscalização e a liberação de trânsito aduaneiro. Na aduana 24 horas são prestados todos os serviços, mas, principalmente, nesse sistema é possível dar continuidade aos serviços que são iniciados no horário comercial”, disse. 
O diretor do Sindireceita Moisés Hoyos também rebateu os argumentos de falta de demanda. Ele reforçou que é preciso mudar a cultura dos usuários dos portos
O diretor do Sindireceita Moisés Hoyos também rebateu os argumentos de falta de demanda. Ele reforçou que é preciso mudar a cultura dos usuários dos portos
Moisés Hoyos também falou sobre o surgimento da campanha “Aduana 24 horas”, que nasceu da percepção dos Analistas-Tributários e do grupo de trabalho do Sindireceita que, visitando os portos do País percebeu que a administração da RFB estava acabando com os plantões no mesmo momento em que o governo federal realiza um amplo esforço para investir nesses mesmos terminais. “De um lado tínhamos o governo aportando recursos para tornar mais eficientes os portos e, ao mesmo tempo, a Receita estava encerrando seus plantões. Como é possível interromper a fiscalização se o governo está investindo nos terminais para aumentar o fluxo de cargas. Então o Sindireceita lançou a campanha para mostrar que a Receita Federal, por meio da Aduana, não poderia parar. Ao contrário, deveria ampliar sua presença nesse setor”, acrescentou.
O diretor do Sindireceita também rebateu os argumentos de falta de demanda. Ele reforçou que é preciso mudar a cultura dos usuários dos portos. “Como uma empresa poderia fazer uma programação desta se não teve a sua disposição a Receita Federal 24 horas. As empresas se programaram para trabalhar apenas no horário comercial, assim é preciso ter um tempo para que esses usuários se adaptem a nova realidade. Não são apenas 90 ou 100 dias que vão mudar esse quadro, é preciso mais prazo. Outro ponto importante é que a Aduana executa o controle do comércio exterior, uma atuação que vai além da realização do desembaraço de importação e exportação. Os servidores da Aduana tem que estar presentes no local para executar atividades como fiscalização, vigilância e repressão. Não da para encerrar as atividades às 18h. O correto é que a RFB esteja presente nos terminais alfandegados fazendo o controle do que entra e sai desses locais, atuando na fiscalização”, disse. O diretor do Sindireceita também aproveitou a oportunidade para criticar a administração da RFB que por meio de atos da administrativos, nos últimos anos, vem retirando os Analistas-Tributários da fiscalização. “As últimas modificações nas normas foram nesse sentido e não há justificativa para tais atos porque o Analista-Tributário é um agente central nessas ações e, portanto, essa atuação tem que estar descrita na Lei”, criticou. 

Diretores do Sindireceita aproveitaram a oportunidade para discutir outros temas de interesse da categoria com o subsecretário de Aduana, Ernani Argolo
Diretores do Sindireceita aproveitaram a oportunidade para discutir outros temas de interesse da categoria com o subsecretário de Aduana, Ernani Argolo
O subsecretário de Aduana e Relações Internacionais da Receita Federal, Ernani Argolo Checcucci, disse, em sua apresentação, que na visão da administração do órgão, os Analistas-Tributários tem um papel fundamental e participação nas atividades da Aduana. “Ninguém tem dúvida disso e a Receita Federal defende essa participação em funções essenciais que são executadas todos os dias”, disse. Segundo ele, a RFB tem sugerido o aperfeiçoamento do conceito de Porto 24 horas conforme a necessidade dos serviços demandados e exigidos. “Tenho plena convicção que a Conaportos pode conduzir esse trabalho com tecnicidade e solidez”, disse. 
O Sindireceita foi representado pelos diretores Geraldo Seixas, Odair Ambrósio, pelo assessor especial da presidência, Reynaldo Puggi. As discussões também foram acompanhadas pelo Analista-Tributário Breno Rocha
O diretor Odair Ambrósio, o subsecretário Ernani Argolo, o ATRFB Breno Rocha, o assessor especial da presidência, Reynaldo Puggi, o deputado Amauri Teixeira e o diretor Moisés Hoyos
Além da participação da presidenta Sílvia de Alencar na Audiência Pública e do diretor Moisés Hoyos nos debates, o Sindireceita foi representado pelos diretores Geraldo Seixas, Odair Ambrósio, pelo assessor especial da presidência, Reynaldo Puggi. As discussões também foram acompanhadas pelo Analista-Tributário Breno Rocha. 
O assessor especial Reynaldo Puggi e os diretores Odair Ambrósio e Geraldo Seixas acompanharam as apresentações durante a Audiência Pública
O assessor especial Reynaldo Puggi e os diretores Odair Ambrósio e Geraldo Seixas acompanharam as apresentações durante a Audiência Pública
O requerimento para realização da Audiência Pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara foi apresentado pelos deputados Amauri Teixeira (PT/BA), Afonso Florence (PT/BA), Cláudio Puty (PT/PA) e Guilherme Campos (PSD/SC). Também participaram dos trabalhos o secretário-executivo da Secretaria dos Portos, Mário Lima Júnior, o assessor da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, Gustavo Antônio Galvão dos Santos, o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Wagner Cardoso, a coordenadora no Departamento de Gestão Aeroportuária da Secretaria de Aeroportos, Sheila Mara Strack Freire, a presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), Margarida Lopes de Araújo e o presidente da Delegacia Sindical de Belo Horizonte do Sindifisco Nacional, Luiz Sergio Fonseca Soares.

FONTE: SINDIRECEITA
13/09/2013

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